Marcinho Eiras
HENRIQUE INGLEZ DE SOUZA
Marcinho e suas guitarras personalizadas
Em que momento decidiu se dedicar à guitarra virtuose?
Comecei minha carreira tocando e cantando em barzinho, além de compor bastante. Achava que assim era um jeito "normal" de ganhar e vida como músico. Até que me defrontei com a música instrumental e me apaixonei, principalmente pelo virtuosismo. Quando descobri Stanley Jordan, fiquei maluco com sua técnica e comecei a tentar tocar como ele. Mudou a minha vida! Com isso, deixei em segundo plano meu projeto de tocar e cantar.
O que te levou a tocar duas guitarras simultaneamente?
O Mello, dono da extinta loja Pai do Rock, trouxe para mim dos EUA um Roland GR. Quando vi que poderia fazer som se sintetizador com o GR, comecei a fazer dois sons diferentes com duas guitarras. Ficava tentando reproduzir o som de piano em uma e o de trompete em outra. Daí surgiu a vontade de desenvolver esse lado virtuoso: pela tecnologia e pela idéia de ter dois sons distintos.
Quais foram os exercícios para aprimorar sua técnica?
Tocar música. Nunca estudei nada. Apenas tocava alguma canção, com começo meio e fim. Até hoje faço isso. Por exemplo, as músicas Luiza, Beatriz e Carinhoso, clássicos que regravei em meu primeiro disco(my project, de 2000) são pontos de referência para qualquer um que toque tapping. Cheguei ao extremo dessa técnica nessas três músicas: arpejo, improviso, chord melody. Há vídeos de Luiza e Beatriz no site You Tube.
Como desenvolveu o tapping?
Tive de inventar o meu jeito, ainda mais na época em que comecei, nos anos 1980. Tentava tocar algo musical, que soasse bem aos ouvidos. Mas sempre colocando a técnica a serviço da música.
Como funciona o desenho das escalas para você?
Só conheço a escala pentatônica porque já precisei aula e tinha que saber. Mas não uso nenhum modelo de escala e tenho meus próprios clichês. Nunca visualizei nenhuma escala nem tirei nada de ninguém.
Marcelo barbosa
Gustavo Martins
Para comemorar os 10 anos de sua Escola de Música, GTR
-Instituto de Guitarra, o guitarrista Marcelo Barbosa reuniu professores e alguns alunos para gravar um CD comemorativo. O disco foi produzido pelo próprio Marcelo Barbosa e revela grandes talentos de Brasília.
Como surgiu a idéia de comemorar com um CD os 10 anos de sua escola?
A idéia é antiga. Sempre desejei produzir um disco que divulgasse o trabalho de professores, alunos e da escola. A comemoração de uma década de existência foi a oportunidade que faltava para executar este projeto e fechar em grande estilo este longo período de trabalho. O CD conta com 13 professores e seis alunos, que foram selecionados através de uma promoção no site. Houve uma grande preocupação com a qualidade, tanto gráfica quanto musical. Estamos empolgados com o resultado.
Como foi o processo de escolha de quem iria participar do disco?
Conheço muito bem o trabalho dos professores, muitos deles foram meus alunos. Na reunião e, que divulguei a idéia do disco, dei um prazo para que os interessados compusessem ou gravassem suas músicas e me entregassem uma prévia. Para minha surpresa, o nível de todas as composições e produções estavam muito alto. Quanto aos alunos, disponibilizamos no site da escola o playback de uma música que seria uma Jam. O aluno gravava o seu solo e nos enviava. Dentre dezenas de inscritos, uma banca composta por cinco professores da escola escolheu seis estudantes para participar da Jam que encerra o álbum.
Como foi a gravação e produção do CD?
O processo foi simples: cada um gravou o seu material dentro de suas próprias condições e entregou a gravação pronta. A maioria das músicas foi mixada por Daniel Felix, que trabalha com o Natiruts, o que fez com o que o CD soasse de maneira homogênea, não havendo grande discrepância entre um faixa e outra. A produção executiva ficou por minha conta e a divulgação e distribuição, com o selo brasiliense GRV. A prensagem do álbum foi custeada pelas empresas que me apóiam, sem elas este projeto não teria sido realizado. Muito obrigado à Tagima, Elixir, Santo Angelo e NIG por estarem sempre ao meu lado.
A faixa Moon And Sun apresenta belos timbres de guitarra e programações.
Foi composta para este CD, tenho um home Studio e gravo a maioria das minhas produções em casa. Não foi diferente nesta balada. Gosto de loops eletrônicos e efeitos e explorei bastante esses recursos. Registrei todos os instrumentos: guitarras, violão, baixo, teclados e programações. Por incrível que pareça, os sons de guitarra vêm do meu POD XT Pro, da Line 6. A diferença é que, antes de o sinal entrar no computador,passei-o por um pré-amp valvulado da Avalon, que deu uma boa esquentada no som. Usei minha guitarra Tagima MB-1 signature.
Qual o significado desse CD para você e para a escola?
É um momento muito especial e um prazer lançar um álbum desse nível ao lado de parceiros e amigos. Além disso, 10 anos é um marco importante para qualquer empresa, e o GTR tem sempre crescido. Depois de ver o disco concluído, tive a idéia de, no futuro, fazer uma segunda coletânea do GTR, mas com guitarristas de todo Brasil, selecionados por concurso, em mais uma forma de fomentar a cena guitarrística e musical brasileira.